Um blog sobre essa galera que habita as florestas e as cidades sem problemas com idiomas, enfim, esses e outros personagens de HQ, games e desenhos animados que nos cativam desde os tempos do Gato Phélix até hoje - os meus, e todos os seus concorrentes. Além de falar um pouco também sobre os aspectos técnicos desses personagens, afinal um dia eu ainda desenharei feito gente. Seja bem vindo ao mundo encantado de Igor C. Barros, e cuidado com o degrau!

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Fluppy Dogs: A Disney poderia ter sido muito diferente!

Estamos em construção, em breve vamos instalar a parte elétrica!
Como se sabe, em 1986, a Disney voltou a produzir novos desenhos animados para a TV, provavelmente uma decisão do recém-empossado Michael Eisner. Empresas como Hanna-Barbera e Filmation deitavam e rolavam nesse mercado há mais de 30 anos sem serem incomodadas - quando muito, pelos curta-metragens produzidos entre os anos 40 e 50, aqueles que passavam na Globo sob os nomes "Disneylândia" e "Mickey & Donald". Daí as referências um tanto incômodas à era Disco em algumas séries da HB, e por aí vai.

E enquanto o Brasil sophria as agruras do Primo Plano Cruzado, estreavam as séries Os Ursinhos Gummi e Wuzzles. Esta, como eu já falei aqui, está esquecidaça, não é reprisada como a primeira - embora a primeira tenha defeitos gravíssimos, como os figurantes em estilo anime em uma cena (e eu tive o azar de vê-la quando era adolescente, por isso nutri um ódio mortal pela mesma...)
Mãns, o que vem a seguir poucos sabem, e eu só descobri isso agora, em 2008. Em 1986, uma terceira série deveria ter sido produzida. Apenas um piloto foi produzido de Fluppy Dogs, a série que, se fosse concretizada, mudaria totalmente a imagem que se tem da Disney. Esse longa-metragem, segundo a Wikipédia, é considerado raro: passou umas 5 vezes desde 1986 até hoje, na ABC (TV aberta), e só uma vez no Disney Channel americano, em 1997. E é totalmente improvável que tenha sido exibido pelo SBT ou pelo Disney Channel brasileiro, só se eu estiver enganado (se Galaxy High chegou a passar na Globo e eu não vi, porquê não?...)

Inki, Stanli, Dinki, Ozzi e Tippi são cães que cada um tem uma cor e uma personalidade diferente. Eles, viajando entre as dimensões, acabam parando em uma cidade qualquer.(Até aqui, esse plot, parece uma versão não-marsupial dos Popples, mas continue lendo...) E acabam criando laços mais fortes com esse lugar quando são confundidos com... hã... cães, e acabam em um canil, no qual um deles é adotado pelo garoto Jamie Bingham. E junto com este, mais pra frente, phogem de um colecionador de animais exóticos, o magnata J. J. Wagstaff - curiosamente, o único personagem da ex-quase-futura série que acha que eles tem algo de "estranho" que os separa de cães convencionais e por isso deseja tê-los... Para todos os demais - eu disse todos - eles são os cães mais 'gente fina' em desenhos animados depois do Snoopy.
E por quê a série mudaria a imagem da Disney? É que esse projeto tinha características únicas, jamais repetidas até hoje (mesmo em projetos ultra-recentes e naquelas séries que só passam na TV a cabo):
- A série é passada nos dias atuais (tá, anos 80, mas eram os dias atuais). Tudo é muito, extremamente próximo da "realidade real" - talvez só Lilo & Stitch tenha ido um pouco nessa direção, mas com muito menos profundidade e muito mais clichês do gênero. Seria um "antídoto" talvez às séries passadas em tempos imemoriais ou realidades distantes, tão caras á essa empresa. Na verdade, a série é bem mais a cara da Those Characters from Cleveland... mas, como eu disse, isso poderia beneficiar a imagem da Disney e impossibilitaria algumas das críticas que são feitas à eles atualmente. "Eles fizeram isso, eles fizeram aquilo, mas, por outro lado, eles também fizeram os Fluppy Dogs..."
- Jamie mora apenas com a mãe - que fala, aparece e tudo o mais, e principalmente, não parece ser um "elemento repressor" como nas produções de Spielberg e outros, não é "um estranho à ser combatido". Alguns dos outros personagens (não consegui ver a respeito ainda) também tem "donos" que moram perto deste.
- Todos enxergam os personagens e encaram com uma certa 'naturalidade' o fato de eles falarem... (pelo que eu entendi é isso - e se for isso mesmo, seria melhor ainda).
- Entre os protagonistas há mais fêmeas (três) do que machos (dois - sendo que no merchandising, como veremos adiante, havia ainda mais uma personagem do sexo feminino).
- Eles pulam entre as dimensões não porquê eles são mágicos, e sim, apenas porquê... eles conseguem fazer isso, e o fazem, sei lá, pelo prazer da aventura... embora tentem voltar pra casa sem saber como. (Essa é digna do Clóvis Vieira, de "Cassiopéia", que inventava uns lances assim, bem fora dos clichês do ramo.)
Caso a série fosse produzida, seria um sério rival e provavelmente "estraçalharia" o sucesso da mesma época Os Cãezinhos do Canil (Pound Puppies), da Hanna-Barbera. Sei lá, ambas as séries são meio, como direi, "shojo" (mesmo porquê o desenho foi animado pela Tokyo Movie Shinsa) mas eu sou bem mais essa aqui, mesmo só a vendo em imagens estáticas...

Na verdade, esse foi justamente o problema. O plot inicial era fazer uma série totalmente direcionada ao público feminino (como tantas séries da Those Characters from Cleveland que você conhece), mas durante o processo, isso foi mudado para uma série para ambos os sexos, o que fez a série não fazer tanto sucesso assim na época devido a indecisão de "atirar em várias direções" ao mesmo tempo, sei lá. O fato é que, quem viu, gostou pra caramba, mesmo assim.

NO MERCHANDISING, É REVELADO COMO SERIAM OS PERSONAGENS ORIGINALMENTE.

Bem, isso era um desenho animado. O curioso é que, posteriormente, eles apareceram em alguns ítens de merchandising (e, portanto, desprovidos de roteiro), com um visual totalmente diferente - que aparenta ter sido criado antes do desenho animado, como lancheiras e um livro de colorir.
Esses ítens são considerados raros, não à toa, afinal, foi o único uso "pra valer" dessa linha de personagens, ainda que estivessem em outra versão. A personagem Fanci aparece junto aos demais personagens, ela provavelmente deveria ter feito parte da animação - e muitos acham que se ela estivesse na ex-quase-futura série, seria uma das personagens mais fortes.
E o visual acompanhava o de bonecos desses personagens, que chegaram a ser feitos, com fios de lã em tons pastéis (mais anos 80, só "Foolish Beat" tocando na vitrola...), no qual nota-se que, definitivamente, aquele visual não servia para uma animação, os pêlos eram especificados em contornos com pouca separação, quase um a um, aquilo é um teste psicotécnico dos mais pherrados, no qual talvez Alex Ross ficaria com a mão doendo em alguns minutos. Gente, se os animadores já chiaram de ter de fazer as pintas dos 101 Dálmatas da série de TV, que dirá isso...

Curiosamente, Inki (não sei se com essa grafia) também seria, mais tarde (1992-93), o nome de uma importante personagem em um episódio da série A Turma do Pateta: uma exploradora espacial de uma série de livros infantis (que é talvez a coisa mais criativa que tenha saído da Disney até hoje, mesmo que seja uma "sub-série"), que se torna uma "amiga imaginária" da filha do Bafo, e que, surpreendentemente, se revela menos imaginária do que o normal.

Enfim, se há um desenho animado mais-do-que esquecido, é Fluppy Dogs "da Disney", como eles costumam dizer atualmente.
Ou será que não? Comentários em sites americanos são extremamente favoráveis ao desenho animado, todos diziam que gostavam de ver esse episódio, quando ele era exibido na TV aberta. O que mostra que, até mesmo entre os fãs da Disney, tem fãs que gostam de certas coisas que a própria produtora desaprova. Ou desaprovava: é só o Robert Iger começar a ler essas e outras coisas que os fãs escrevem por aí. Uma outra Disney é possível, minha gente...

Cover Serviço
> Clear Black Lines: Página "Ophisial" com uma pá de imagens do desenho animado - talvez a Disney nunca sonhou em ser tão irreconhecível...
> Explicação sobre a série, veja como eles passaram a ser na fase do merchandising

Um comentário:

Anônimo disse...

Fantástico, imagino que seria algo tão Spielberg, sem ser feito pelo próprio! Algo que só seria possível em Fievel e em Todos os Cães Merecem o Céu do Don Bluch, só que nas tvs abertas! Podiam ter apostado nisso!